Fulvio e os PMs com medo de guia de macumba – conto de Carlos Vitor de Castro

Fulvio é um amigo que conheço desde os tempos da adolescência, perdemos contato e parece que nem eu nem ele temos muito interesse em reatar contato, acontece, amigos vem e vão.

O Heavy, como era conhecido por seu gosto musical entrou para a polícia civil há quase 20 anos e pelo pouco que tenho escutado não está levando sua vida profissional usando a ética como norteadora dos seus atos. Carros novos e mulheres mais jovens fazem parte da rotina de Fulvio. Não sei e não quero saber qual é a parada.

Ouvi de um amigo em comum uma estória sobre Fulvio e fiz questão de contar aqui.

Fulvio estava na estrada das Canoas voltando de um churrasco na casa de um pagodeiro conhecido, estava numa pick-up gigante dirigida por um delegado e um outro inspetor, era final de tarde e todos estavam de barriga cheia.

Por obra do azar, dois cretinos em outro carro fecharam a pick-up dos policiais e anunciaram o assalto, grande erro, Fulvio saiu do carro e matou um, o outro inspetor acertou a perna do segundo que se rendeu com o chavão de sempre: “perdi, perdi”.

Perdeu mesmo, ligaram para a PM para isolar o local para espera da perícia e em outra viatura da polícia militar Fulvio seguiu para o hospital com o ladrão ferido e dois PMs. É claro que aquele cara que tinha atirado contra um carro cheio de policiais não iria chegar vivo ao hospital, aquela velha estória de “veio a falecer quando era levado ao hospital Miguel Couto”.

A estrada das Canoas, para quem não conhece, é uma estrada estreita de montanha e não tem muito movimento, os PMs entraram num terreno baldio, tiraram o azarado do carro e deram alguns tiros a queima roupa e colocaram de volta no carro para continuar a farsa de levar para o hospital.

Fulvio estava no banco da frente com o motorista e o outro PM ia atrás com o cara que deveria estar morto. Fulvio conta que este PM no banco de trás avisou que o cara estava gemendo. Começou uma discussão no carro, um acusando o outro de não ter dado tiro onde devia dar. Uma conversa mais ou menos assim:

– tu deu na caixa (peito) era para ter dado na bola (cabeça)
– tu deu na bola e o cara não morreu grandes merdas

A dupla de PMs chegou a única conclusão plausível para eles, o cara só poderia estar usando uma guia de macumba e teria o “corpo fechado”. Chegando ao veredicto o motorista mandou que o PM que estava atrás revistasse o baleado a procura de uma guia de macumba, a ordem foi seguida mas não encontraram a tal guia.

Tiveram que parar de novo para um segundo fuzilamento que mandou o azarado para o além.

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