Volto a cabeça para a montanha
e abandono os pés para o mar.
— Coitado de quem está sozinho
e inventa sonhos com que sonhar!
Minhas tranças descem pela casa abaixo,
entram nas paredes, vão te procurar.
Envolvem teu corpo, beijam-te os ouvidos.
— Querido, querido, devias voltar.
Meus braços caminham pelas ruas quietas:
— caminho de rios, fluidez de luar… —
levam minhas mãos por todo o seu corpo:
— Querido, querido, devias voltar.
Partem os meus olhos, parte a minha boca,
Na noite deserta, ninguém vê passar,
pedaço a pedaço, minha vida inteira,
nem na tua casa me escutam chegar.
Meu quarto vazio só pensa que durmo…
Coitado de quem está sozinho
e assiste o seu próprio sonhar!
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