Tag Archives: A vida como ela é Nelson Rodrigues

Ódio de cunhada – Conto de Nelson Rodrigues

Vivia dizendo: – O sujeito que trata bem mulher está desgraçado! Está frito! E dava conselhos aos tímidos: – Dá-lhe duro! Deixa de ser besta! — e suspirava: — Ah, se fosse comigo! Os outros escutavam, no fundo maravilhados com essa ostentação de selvageria. Uns comentavam, nas suas costas: – É potoca! Garganta pura! Mas… Read More »

A catástrofe – Crônica de Nelson Rodrigues

Um dia, Penteado entra em casa e encontra Clélia com febre. Pediu o termômetro emprestado no vizinho. Findos os três minutos, ergue o termômetro e verifica a temperatura: quarenta graus! Quase caiu para trás. No seu pânico, quis telefonar para a Assistência. Chamaram-no à razão: – Assistência pra febre? Sossega, Penteado, toma jeito! Não faltou… Read More »

A missa de sangue – Crônica de Nelson Rodrigues

Em vida de sua primeira mulher, foi a pérola dos maridos e, sobretudo, um monstro de fidelidade. Saía do trabalho, digamos, às seis horas. Às vezes, parava um segundo, tomava um cafezinho em pé e era só. Pendurava-se no primeiro bonde, com a ideia fixa de chegar em casa. Estavam casados há seis anos. Pois… Read More »

Excesso de trabalho – Conto de Nelson Rodrigues

Era um pai muito escrupuloso. Sabendo que a filha estava com um romance, não perdeu tempo: — tratou de saber, direitinho, quem era o namorado. Durante quatro ou cinco dias, andou de baixo para cima, de cima para baixo, fazendo sindicâncias. Aconteceu, sistematicamente, o seguinte: — as pessoas interrogadas sobre os predicados do rapaz diziam… Read More »

Flor de laranjeira – Conto de Nelson Rodrigues

Baixou a voz: — Sabe qual é o golpe? — Qual? E ele, com a boca encostada no seu ouvido: — Você mata o serviço hoje e vamos ao cinema. Topas? Hesitou, numa tentação deliciosa. Antes de capitular, porém, bateu na mesma tecla: — Então jura que não és casado, jura. Recuou, quase ofendido: “Mas… Read More »

Banho de noiva – Conto de Nelson Rodrigues

Vinte e quatro horas antes do casamento, Detinha suspira: — Meu filho, posso te fazer uma pergunta? Peçanha (Antônio Peçanha), que estava limando as unhas com um pau de fósforo, boceja: — “Mete lá”. E ela: — Quantos banhos tu tomas? Admirou-se: — Por quê? E ela: — Responde. Quantos banhos tu tomas por dia?… Read More »

A mulher das bofetadas – Conto de Nelson Rodrigues

Chegou atrasado no emprego. Tirava o paletó, quando o Carvalhinho veio avisar: — Olha, telefonaram pra ti. — Homem ou mulher? — Mulher. — Deixou recado? — Não. Disse que telefonava depois. Arregaçando as mangas, bufou: — OK! OK! Uns dez minutos depois, estava pondo em ordem uns papéis, quando o telefone bate novamente. O… Read More »