Tag Archives: Conto de Monteiro Lobato

O espião alemão – Conto de Monteiro Lobato

1916 Abre a história. Escuta. Só ouvirás rumores de guerra. Aquele tropel desapoderado? É a avalanche tártara. Tamerlão, o tigre coxo, derrama sobre a Pérsia legiões de feras — e leva a chacina a proporções inauditas. Seu capricho exige em Ispahan setenta mil cabeças humanas. Cada seção do exército lhe há de fornecer uma quota.… Read More »

De como quebrei a cabeça à mulher do Melo – Conto de Monteiro Lobato

1906 – OLHA, esperam-te hoje em casa para o jantar. – Impossível. Não janto fora. – Abre uma exceção e vai. – Impossível, já disse. Não insistas. – Põe de lado a esquisitice e vai. – Não é esquisitice, meu caro, é sibaritismo e prudência. Tenho para mim que comer é uma das boas coisas… Read More »

Um suplício moderno – Conto de Monteiro Lobato

1916 TODAS AS CRUELDADES de que foi useira a Inquisição para reduzir heréticos, as torturas requintadas da “questão” medieval, o empalamento otomano, o suplício chinês dos mil pedaços, o chumbo em fusão metido a funil gorgomilos adentro — toda a velha ciência de martirizar subsiste ainda hoje encapotada sob hábeis disfarces. A humanidade é sempre… Read More »

O engraçado arrependido – Conto de Monteiro Lobato

1917 FRANCISCO TEIXEIRA DE SOUZA PONTES, galho bastardo duns Souza Pontes de trinta mil arrobas afazendados no Barreiro, só aos trinta e dois anos de idade entrou a pensar seriamente na vida. Como fosse de natural engraçado, vivera até ali à custa da veia cômica, e com ela amanhara casa, mesa, vestuário e o mais.… Read More »

Pedro Pichorra – Conto de Monteiro Lobato

1910 QUEM DOBRA O MORRO DA SAMAMBAIA, com a vista saturada pela verdura monótona, espairece na Grota Funda ao dar de chapa com uma sitioca pitoresca. E passa levando nos olhos a impressão daquela sépia afogada em campo verde: casebre de palha, terreirinho de chão limpo, mastro de santo Antônio com os desenhos já escorridos… Read More »

O avô do Crispim – Conto de Monteiro Lobato

1919 SOMOS TODOS AQUI UNS PULHAS, uns seixos rolados — dizia-me Crispim Paradeda. — Sabe o que é seixo rolado? Essas pedras de fundo de rio que de tanto baterem umas nas outras acabam sem arestas. A civilização nos iguala, nos arredonda, nos tira a coragem da originalidade. Ah, o meu avô Paradeda… Impossível uma… Read More »