Tag Archives: Histórias de Alexandre

A doença de Alexandre – Conto de Graciliano Ramos

– Como vai, seu Alexandre? Que estrago foi esse? perguntou mestre Gaudêncio à porta da camarinha. – Macacoas da idade, suspirou o doente. Na beira da cova desde a semana passada. Tomei a purga de pinhão que o senhor me ensinou. Entre, seu Gaudêncio, vá-se abancando. Tomei a purga de pinhão e uns xaropes. Depois… Read More »

A espingarda de Alexandre – Conto de Graciliano Ramos

– Os senhores querem saber como se deu esse caso do veado, uma história que apontei outro dia? perguntou Alexandre às visitas, um domingo, no copiar. Ora muito bem. Olhem aquele monte ali na frente. É longe, não é? – Muito longe, respondeu o cego preto Firmino. – Como é que o senhor sabe, seu… Read More »

História de uma guariba – Conto de Graciliano Ramos

– Um domingo destes, contou Alexandre aos amigos, vesti o guarda-peito e o gibão, cobri-me com o chapéu de couro, acendi o cachimbo, pus o aió a tiracolo, peguei a espingarda, resolvido a desenferrujá-la, se aparecesse caça graúda. Saí pelo terreiro, dei umas voltas nos arredores, andei, virei, mexi, afinal entrei numa vereda, subi a… Read More »

Uma canoa furada – Conto de Graciliano Ramos

Mestre Gaudêncio curandeiro, homem sabido, explicou uma noite aos amigos que a terra se move, é redonda e fica longe do sol umas cem léguas. — Já me disseram isso, murmurou Cesária. Das Dores arregalou os olhos, seu Libório espichou o beiço e deu um assobio de admiração. O cego preto Firmino achou a distância… Read More »

Um missionário – Conto de Graciliano Ramos

— Depois da morte do louro, referiu Alexandre, Cesária começou a aperrear-me pedindo outro. Eu me encafifei: — “Onde é que vou arranjar isso, filha de Deus? Que arrelia!” Mas Cesária não me largava de mão: — “Xandu, veja se me descobre um parente dele. Raça boa não falha, Xandu.” — “Está bem, está bem.”… Read More »

História de uma bota – Conto de Graciliano Ramos

Quando os amigos chegaram, o dono da casa estava sentado na pedra de amolar, pregando uma correia nova na alpercata. Levantou-se e foi acabar o trabalho escanchado na rede, resmungando aperreado, misturando assuntos: – Caiporismo. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, seu Gaudêncio. Hum! Entretido, nem ouvi a salvação de vossemecês. Que estrago! Para sempre… Read More »

A safra dos tatus – Conto de Graciliano Ramos

– Como foi aquele negócio dos tatus que a senhora principiou a semana passada, minha madrinha? perguntou Das Dores. O rumor dos bilros esmoreceu e Cesária levantou os óculos para a afilhada: – Tatus? Que invenção é essa, menina? Quem falou em tatu? – A senhora, minha madrinha, respondeu a benzedeira de quebranto. Uns tatus… Read More »

O marquesão de jaqueira – Conto de Graciliano Ramos

Espiando a lua que branqueava o pátio, seu Libório pinicava a prima da viola, gemendo baixinho uns versos de embolada. Alexandre, com ar de entendido, aprovava a cantoria. Mestre Gaudêncio curandeiro gingava, como se quisesse dançar. Os bilros da almofada de Cesária tocavam castanholas na esteira. Um cajado bateu no copiar: – Louvado seja Nosso… Read More »