Hamlet e Yorick – Mario Quintana

By | 28/04/2022

Uma das anedotas mais divertidas que ouvi foi num velório; tive até de sair da sala para poder desabafar.

Não a conto a vocês agora porque perdeu a graça ou não tinha nenhuma. A causa deveria ser a solenidade proibitiva da ocasião. E não me falem no tal de riso nervoso — coisa que só se vê nos maus filmes.

Quanto às solenidades persuasivas, fins de ano, carnavais etc., sou atacado de cara de pau, uma seriedade de matar de inveja o Buster Keaton, se ele já não estivesse compenetradamente morto.

O fato é que, se acaso eu fosse ator e me visse enredado, ao representar Hamlet, naqueles seus dramas tremendos, não me apresentaria de preto, como o obrigam os diretores de cena, mas sim com as vestes coloridas e os guizos do seu amado bufão Yorick.

Ah! tudo isso porque tudo comporta o seu contrário; e a nossa alma, por mais que esteja envolvida nas coisas deste mundo nunca deixa de estar do outro lado das coisas…

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