- Sou exatamente o menino que aos nove anos foi declamar um verso de Antero de Quental e se perdeu.
- A Europa é uma burrice aparelhada de museus.
- Positivamente, não posso ser apresentado a Satanás: como André Gide, sofro a tentação de entender as razões do adversário.
- Tenho para mim que sei, como todos os brasileiros, os três primeiros minutos de qualquer assunto.
- O único erro humano que merece a pena de morte é o de revisão.
- Abraço e punhalada a gente só dá em quem está perto.
- A tocaia é a grande contribuição de Minas à cultura universal.
- O mineiro só é solidário no câncer.
- Minas está onde sempre esteve. (Ao definir a posição do governador Magalhães Pinto, em 1961, na crise da renúncia de Jânio).
- Para mim, domingo sem missa não é domingo.
- O homem é um animal gratuito.
- Não quero tripudiar sobre ninguém. Junto a isto um insanável sentimento de simpatia, que me domina, por todos os decaídos.
- Quem me garante que Jesus Cristo não estaria hoje na estatística da mortalidade infantil?
- Escrevemos, escrevemos, escrevemos. Clamamos no deserto. O clube do poder tem as portas lacradas e calafetadas.
- Todo mundo que cruzou comigo, sem precisar parar, está incorporado ao meu destino.
- Política é a arte de enfiar a mão na merda. Os delicados (vide Milton Campos) pedem desculpas, têm dor de cabeça e se retiram.
- Intelectual na política é quase sempre errado. É sempre errado. A práxis não deixa espaço para pensar; pensar é muito sutil, enrascado, complexo, multiplica as alternativas.
- Deus é humorista.
- Há um lado pobre-diabo em mim. Os pobres-diabos logo farejam e se irmanizam, me perseguem, não me largam.
- Sou jornalista, especialista em idéias gerais. Sei alguns minutos de muitos assuntos. E não sei nada.
- Aproximei-me do espetáculo político pelo que há nele de fascínio humano. A política talvez seja uma forma de tentar driblar a morte.
- A ação política é cruel, baseia-se numa competição animal, é preciso derrotar, esmagar, matar, aniquilar o inimigo.
- Ultimamente, passaram-se muitos anos.
- Devo ter sido o único mineiro que deixou de ser diretor de banco.
- Sou um sobrevivente sob os escombros de valores mortos.
- Devemos a Graham Bell o fato de estarmos em qualquer lugar do mundo e alguém poder nos chatear pelo telefone.
- Texto de jornal é estação de trem depois que o trem passou. Deixou de ter interesse.
- Chega de intermediários. Lincoln Gordon para presidente. (Em alusão à influência do embaixador dos Estados Unidos durante o governo Castello Branco).
- É a morte que nos leva a desejar a imortalidade impossível. (Ao aceitar concorrer a uma vaga na ABL).
- Patrão de esquerda só é bom até o dia do pagamento.
- A morte é noturna. À noite, todos os doentes agonizam.
- Hoje eu reúno duas condições que em princípio se excluem: sou careca e grisalho. (Ao fazer 60 anos).
- Consegui ser avô de minha filha e pai de minha neta, eliminando a intermediação antipática do genro. (Por ocasião do nascimento da filha temporã, Heleninha).
- Leio muito à noite. Só não sou inteiramente uma besta porque sofro de insônia.
- Sou autor de muitos originais e de nenhuma originalidade.
- Não sou alegre. Sou triste e sofro muito. Dentro de mim há um porão cheio de ratos, baratas, aranhas, morcegos, escuro, melancolia, solidão.
- O humour é a grande expressão, o melhor canal para dar notícia da vida, da nossa tragédia interior e exterior.
- O mineiro seria um cara que não dá passo em falso, é cauteloso. Em Minas Gerais não se diz cautela, se diz pré-cautela…
- Eu escrevo todo dia, por compulsão. Mas agora, aos 70 anos, uma das perguntas que mais me intrigam é o que eu vou ser quando crescer.
- Sou leitor atento da página fúnebre. Tem mais gente conhecida nossa do que a coluna social.
- Há em mim um velho que não sou eu.
- A morte é, de tudo na vida, a única coisa absolutamente insubornável.
- Escrever é de amargar.
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