De mestre a aluno – Crônica de Fernando Sabino

A cada manhã eu quero renascer, eu quero refazer tudo, desaprender tudo, recomeçar a aprender tudo de novo.
Eu queria olhar o mundo com os olhos lavados de pureza e de inocência como um menino.
Fernando Sabino

Aprender e reaprender a cada dia, com um novo olhar, de espanto e de crítica. Nada para Fernando Sabino era mais importante do que provocar uma lágrima de ternura, um sorriso de felicidade. “Quanto menos o leitor tropeçar em palavras mais eu atinjo meu objetivo”, ele afirmava. A criação para ele era um ato de amor, e por isso cultivava o leitor – afinal o amor se faz pelo menos a dois.

Sabino exerceu muitas profissões ao longo da vida: professor, jornalista, cônsul, advogado, editor, cineasta. Além disso, foi nadador exímio, baterista apaixonado por jazz, tradutor de clássicos, funcionário da Secretaria de Agricultura e atuou nos bastidores da política no período mais crítico da nossa história. Não é por acaso que seus textos tratam de temas tão diversos: História e Geografia, Gramática e Redação, Ciências e Literatura.

Verdadeiro mestre – e ótimo aluno – na arte de escrever, Sabino mostra seus olhares de homem e de menino sobre cada fato da vida: com ternura, ao observar seu filho Bernardo brincando em “Com o mundo nas mãos”; de comoção, no bate-papo com adolescentes em “A escada que leva ao inferno”; de pureza, ao relembrar os tempos de escola em “Retrato do nadador quando jovem”.

Fernando Sabino na sala de aula foi organizado pensando no professor, que também realiza um ato de amor no seu ofício, e no jovem aluno. Juntos eles aprendem e reaprendem a ver o mundo com um novo olhar, de espanto e de crítica, assim como o escritor que nasceu homem e morreu menino propõe com os textos que compõem esta obra.

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