Tag Archives: Poema de Ferreira Gullar

Não há Vagas – Ferreira Gullar

O preço do feijãonão cabe no poema.O preço do arroznão cabe no poema. Não cabemno poema o gása luz o telefonea sonegaçãodo leiteda carnedo açúcardo pão O funcionário públiconão cabe no poemacom seu salário de fomesua vida fechadaem arquivos.Como não cabe no poemao operárioque esmerilaseu dia de açoe carvãonas oficinas escuras — porque o poema,senhores,está… Read More »

Praia do caju – Ferreira Gullar

Escuta:o que passou passoue não há forçacapaz de mudar isto.Nesta tarde de férias,disponível, podes,se quiseres, relembrar.Mas nada acenderáde novo o lume quena carne das horas se perdeu.Ah, se perdeu!Nas águas da piscinase perdeusob as folhas da tardenas vozesconversando na varandano riso de Maríliano vermelho guarda-solesquecido na calçada.O que passou passoue, muito embora,voltas às velhas ruas… Read More »

Canção de preferência – Poema de Ferreira Gullar

Não quero teus seios túmidos de desejos maternais. Se teus seios são redondos, há muitos outros iguais. Não quero teus lábios úmidos (beijos, carícias, corais). Se teus lábios são vermelhos, existem lábios iguais. Não desejo teus cabelos – lembranças de vendavais – Se teus cabelos são belos, sei de cabelos iguais. Não, não desejo teu… Read More »

Estranheza do Mundo – Poema de Ferreira Gullar

Olho a árvore e indago: está aí para quê? O mundo é sem sentido quanto mais vasto é. Esta pedra esta folha este mar sem tamanho fecham-se em si, me repelem. Pervago em um mundo estranho. Mas em meio à estranheza do mundo, descubro uma nova beleza com que me deslumbro: é teu doce sorriso… Read More »