Módulo de verão – Poema de Adélia Prado

As cigarras começaram de novo, brutas e brutas. Nem um pouco delicadas as cigarras são. Esguicham atarraxadas nos troncos o vidro moído de seus peitos, todo ele – chamado canto – cinzento-seco, garra de pelo e arame, um áspero metal. As cigarras têm cabeça de noiva, as asas como véu, translúcidas. As cigarras têm o … Ler mais

Os voluntários do Norte – Manuel Bandeira

“São os do Norte que vêm” Tobias Barreto Quando o menino de engenho Chegou exclamando: – “Eu tenho, Ó Sul, talento também!”, Faria, gesticulando, Saiu à rua gritando: – “São os do Norte que vêm!” Era um tumulto horroroso! – “Que foi?” indagou Cardoso Desembarcando de um trem. E inteirou-se. Senão quando, Os dois saíram … Ler mais

Três mulheres e uma quarta – Adélia Prado

Arnalda, Alice e Armantilda são três mulheres piedosas que amam passar as tardes no serviço do templo. Arnalda, forte e bruta, lava teto, piso e paredes, lustra sacrário e átrio. Alice é para as flores: a espécie conforme o jarro e o calendário litúrgico. Armantilda é para adorar. O Senhor ama igualmente as três, mas … Ler mais

Chanson des petits esclaves – Manuel Bandeira

Constellations Maîtresses vraiment Trop insouciantes O petits esclaves Secouez vos chaînes Les cieux sont plus sombres Que les beaux miroirs Finis les tracas Finie toute peine. O petits esclaves Black-boulez les reines La folle journée J’aurai vite fait D’avoir mis d’emblée Toutes les sirènes Sous mes arrosoirs Car voici demain O petits esclaves Secouez vos … Ler mais

A fala das coisas – Adélia Prado

Desde toda vida descompreendi inteligentemente o xadrez, o baralho, os bordados nas toalhas de mesa. O que é isto? eu dizia como quem se ajeita pra melhor fruir. Fruir o quê? Eu sei. A mensagem secreta, o inefável sentido de existir. Tia Clotilde está desesperada: ‘para a minha família Deus não olha’. Meu amor, quando … Ler mais

Ausência da poesia – Adélia Prado

Aquele que me fez me tirou da abastança, há quarenta dias me oprime no deserto. O político morreu, coitado. Quis ser presidente e não foi. Meu pai queria comer. Minha mãe, peregrinar. Eu quero a revolução mas antes quero um ritmo. Ó Deus, meu filho me pede a bênção, eu dou. Eu que sou mau. … Ler mais