Tag Archives: Crônica Brasileira

A puberdade abstrata – Crônica de Paulo Mendes Campos

Sempre me encantou a liberdade dos cegos correndo para a morte. Música de redenção cobria-me de emoções praieiras. Flores altas, espontâneas, desmentiam a vida. Ondas que o mar brincava nas rochas informavam o sagrado, aventuras que se desatam de santa rebeldia. Galhos espiralados contra o céu, sabor de terra no meu sangue, tudo subornava em… Read More »

Ao professor, com pêsames – Crônica de Ivan Lessa

Todos os professores que eu tive desejavam a minha morte. As lembranças que tenho do jardim de infância são vagas: restou apenas uma sensação de ameaça, de medo. Esta, continua nos dois anos seguintes do primário, só que mais nítida. “Eles” já tinham me sacado, haviam percebido o perigo que eu representava, vigiavam-me, apenas não… Read More »

O homem que calculava – Crônica de Paulo Mendes Campos

Tenho uma casa a meio duma encosta de Petrópolis, perto de Araras. João Saldanha, dado a literaturas russas, diz que se trata duma dacha, o que nos romantiza, mas no fundo é mesmo um barraco bem bolado por Zanine. Entre águas e tons vegetais que vão passando, passo os fins de semana. Numa esperança aquecida,… Read More »

As outras sepulturas – crônica de Luiz Fernando Veríssimo

Sempre é bom começar citando Hegel. Porque dá uma certa classe ao texto e porque, a partir de Hegel, você pode ir para qualquer lado, para a esquerda e ou para direita. Marx afiou suas teses criticando e às vezes assimilando Hegel, e Hegel, ao mesmo tempo em que sacudia o pensamento conservador europeu, era… Read More »

O carro, a jardineira, a calçada – Crônica de Carlos Drummond de Andrade

No momento, a situação nas calçadas de Copacabana está mais ou menos refletida neste diálogo de mil vozes: — Ei, tira essa jardineira daí. — Pra botar cano no lugar dela? — Tira também o carro, ué. — Pra botar aonde? Noutra calçada? — Melhor deixar a jardineira e o carro, cada um na sua… Read More »

Grande Edgar – Crônica de Luis Fernando Verissimo

Já deve ter acontecido com você. — Não está se lembrando de mim? Você não está se lembrando dele. Procura, freneticamente, em todas as fichas armazenadas na memória o rosto dele e o nome correspondente, e não encontra. E não há tempo para procurar no arquivo desativado. Ele esta ali, na sua frente, sorrindo, os… Read More »